Riscos do Treinamento Esportivo em Crianças
Quando as crianças iniciam treinamento esportivo e competitivo, elas passam a treinar, dependendo da modalidade esportiva, até 30 horas por semana. Algumas crianças são incentivadas a uma especialização por um único esporte em idade muito precoce e consequentemente, são submetidas a um treinamento intenso e ao estresse das competições. A cobrança de alguns pais e técnicos por um bom desempenho também funciona como um fator adicional para aumentar o estresse emocional e muitas vezes a criança acaba abandonando o esporte antes de atingir a idade certa para obter os melhores resultados. Não vamos discutir nesse post se isso é correto ou não, deixaremos para uma outra oportunidade.
O que vamos descrever aqui é que esse volume de treinamento esportivo faz com que essas crianças e adolescentes estejam sujeitas a um maior risco para algumas doenças e situações que precisam ser evitadas, algumas delas são:
- Maior risco de infecções, principalmente as gripes, sinusites e amigdalites nos períodos de treinamento intenso ou próximo das competições.
- A Síndrome do Supertreinamento – que é caracterizada pela diminuição da performance, maiores riscos de infecções de vias aéreas superiores, alterações do humor e do sono e que pode levar ao déficit de crescimento naquelas crianças e adolescentes que não atingiram o final da maturidade, além de diminuição do desempenho escolar.
- Comprometimento do crescimento por déficits nutricionais como falta de carboidratos e proteínas, e alguns minerais como o ferro, zinco, cálcio e vitamina D.
- Maior risco de lesões nos ossos, músculos e articulações por desequilíbrios musculares, alterações de biomecânica, baixa flexibilidade, gestos esportivos com erros de técnica ou equipamentos esportivos inadequados; assim como, fraturas por estresse pelos movimentos repetitivos do esporte.
- Transtornos alimentares como a anorexia e bulimia.
Alguns estudos têm sido feitos na tentativa de estabelecer qual é o limiar do estressefísico e psicológicodas crianças que praticam esporte, para que não sejam desenvolvidas lesões e alterações que possam interferir no processo de crescimento e desenvolvimento. Entretanto, devido às variações individuais, entre os esportes e intensidade de treinamento, a metodologia dos trabalhos científicos fica comprometida e os resultados ainda não são satisfatórios.
Assim, todas as crianças que fazem mais de 6 horas por semana de exercícios físicos devem ser acompanhadas pelo Pediatra e Médico do Esporte para garantir seu crescimento e desenvolvimento saudáveis.
Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatria e Medicina do Exercício e Esporte da Clínica Move